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quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Anda Cómig

Já alguma vez ouviram falar no Dia dos Namorados? E nunca sabem o que oferecer ao vosso cônjuge quando chega este dia? Então aprendam esta magnífica canção, a primeira totalmente escrita e composta em algarvio, de cariz romântico, que fará certamente as gajas malucas, interpretada pelos Arranhí Pacanherra, num trio de cordas ao ar livre:

Letra:
Naquel dia olhê pra ti
E fiquê lóg aparvalhád.
Tive dir lóg até ali
Pa despairecer um bucád.

Fui à rua ganhar coragem
Pa conseguir ir ter contig
Porque tu és uma paisagem
Com flor de amêndoa e de fig.

Preguntê-te s’eras soltêra
E tu dissestes-me que sim.
Fiz esta música purrêra
Pa saber se gostas de mim.

Mé Dés do céu és même boa
E tamém és buéda gira.
Pensand em ti tô semp à toa
E o meu olhar até revira.

Anda cómig até além,
Que eu levo-te a casa despois.
Compro-te um pastel de Belém
Pa dividirmos entre os dois.

Sou pobre como tu já viste,
Mas tenho muito amor pra dar.
Toma este cruassante miste,
Até posso pô-lo a tostar
Por ti… faço tudo por ti.
Prálém de seres boa e bonita,
És simpática e inteligent,
Tens um cabelo bué catita
E um sorriso Pepsodent.

Vê também que eu sô bom moço:
Na fumo, na bebo nem tou na droga,
Tenho cócigas no pescoço,
Sou do Benfica e já fiz yoga.

Gosto de ti mesmo bués.
Posso ser o teu samurai.
Gosto tanto que se quisés
Posso ir falar com o teu pai.

Mas eu sou um bocado lento
E é normal que não me queiras.
Tenho um emprego pachorrento:
Entrego a Dica às quartas-feiras.

Mas vem cómig até além
Peu te mostrar que valho a pena.
Sem ti eu sou um Zé-ninguém,
Contigo sou o Ayrton Senna.

És a mulher da minha vida,
Faço tudo pra te merecer:
Passo a ferro e faço comida
E até posso falecer
Por ti… faço tudo por ti.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Literatura de Retrete

Cara malta, merda toda a gente faz; o mundo divide-se, por isso, naqueles que falam dela e nos que sobre ela não falam. E se há coisa que a história nos tem vindo a ensinar é que pôr as coisas em cima da mesa só ajuda; ajuda a conhecermo-nos melhor, a repararmos que não estamos sozinhos neste mundo ou até que fazer o cocó tem muito que se lhe diga.


Raros são aqueles que guardam memórias de quando eram novos e cagavam as fraldas, ou da primeira vez que fizeram no bacio. Poderá ter sido o nosso primeiro sucesso, mas normalmente as bravuras associadas á merda não são dignas de recordação, o que é uma pena. Depois crescemos, vem a adolescência e perante os nossos olhos começam a insurgir-se as primeiras beldades da escola, as mais giras e as mais boas. Eu e o meu grupo de amigos, especialmente dedicados a jogar à bola usando latas como postes e a falar de gajas criámos o mito de que as gajas boas não faziam cocó. Afinal, de cus tão belos não poderia nunca nascer uma coisa tão malcheirosa quanto o cocó. À medida que fui crescendo, fui descobrindo a total falsidade deste mito, e, ao mesmo tempo, a sua força e credibilidade: não só as gerações mais novas de adolescentes parvos continuam, pelo que sei, ainda a acreditar nisso, como vi que este mito não se limitou ao Parchal: em milhares de escolas por este país fora, talvez dezenas, muitos são os adolescentes que acreditam nisto mais do que em Cristo. Amen!


Depois da adversa aceitação deste mito, a minha observação recai sob a sociologia do acto de cagar. Há gente que enquanto caga lê (e a esmagadora maioria das preferências recai na Dica da Semana), ouve música, reza, manda SMS’s, escreve (e se a retrete for pública, aproveita para perpetuar a sua presença na terra com uma mensagem alusiva a si mesmo ou ao seu clube de futebol, ora com corrector – nunca de pincel – ora com esferográfica) ou simplesmente olha os objectos que o rodeiam, a fim de se concentrar para o trabalho que desempenha que, por vezes, se verifica árduo, conforme aquilo que come.

Inimigos desta vertente da sociologia há muitos. A própria língua portuguesa não aceita o verbo cagar e as suas conjugações, nem palavras como merda, poito, poia, raleira, caganeira, borreira ou a recém-inventada borraneira. Quando estive em Londres, ainda há pouco tempo, reparei que para cagar nos cubículos retretais públicos é preciso pagar. O sistema funciona como as máquinas de bebidas ou chocolates. Ora, na hora do aperto, quem é que tem pachorra para andar a enfiar trocos e a separar moedas? Para aliviar a tripa paga-se uma libra, mais que um euro. Duzentos paus para cagar! Realmente o custo de vida em Inglaterra não é para todas as carteiras. O frio invernal, que parece arrefecer as sanitas propositadamente, tornando custoso o acto da gente sentar a pele quentinha do cu, é um inimigo que não deve ser esquecido. Igualmente a tosse: não me alongarei muito sobre este particular, mas já algum de vós tentou cagar e tossir ao mesmo tempo? Mais do que um convite, é um desafio!


Mas neste mundo também há coisas bonitas de se dizer. Muitos foram os filósofos e poetas que se inspiraram aquando do acto de cagar. Manuel Maria Barbosa du Bucage é o português que escrevia os seus sonetos de cocras, arreando atrás das moitas do Palácio de São Bento. Eu mesmo dei à luz este texto sentado. Nunca ninguém precisou de musas sentado numa retrete. Posso também sublinhar os inúmeros nomes que se podem dar ao acto de cagar, tais como arrear o calhau, mandar um fax, escrever uma carta, ler uma revista, largar o pistão, afogar o Mantorras, libertar o prisioneiro, cumprimentar o Sr. Castanho ou até rezar um pai-nosso. E porque cagar é das poucas coisas que homens e mulheres fazem de igual maneira, porque não discutir este assunto para os unir, ao invés de os separar (eles dizendo que sabe bem, elas dizendo que é nojento…)?


E com isto me despeço, deixando ainda um soneto do mestre, Bocage, acerca deste tema tão ignorado injustamente. Até mais, saudações teatrais: muita merda para todos!


Vai cagar o mestiço e não vai só;

Convida a algum, que esteja no Gará,

E com as longas calças na mão já

Pede ao cafre canudo e tambió:


Destapa o banco, atira o seu fuscó,

Depois que ao liso cu assento dá,

Diz ao outro: "Oh amigo, como está

A Rita? O que é feito da Nhonhó?"


"Vieste do palmar? Foste a Pangin?

Não me darás notícias da Rossu,

Que desde o outro dia inda a não vi?"


Assim prossegue, e farto já de gu,

O branco, e respeitável canarim

Deita fora o cachimbo, e lava o cu.


Arranhí Ascostasefiqueicomgarronasunhas

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Tournée Pacanherra em Londres

Quando se ouve falar em Inglaterra, pensa-se na Rainha, nos seus soldados com aqueles capuzes felpudos espetados para cima, nos pounds (ou quids, a moeda de lá) mas também se pensa nos grandes clubes de futebol como o Sunderland ou o Middlesbrough. Já para não falar nas candidatas à Miss Inglaterra só com aquela faixa a tira-colo a tapar os corpos desnudados de mulheres jovens e esbeltas... Bom... Viemos hoje falar desta magnífica terra, mais propositadamente em Londres, porque foi precisamente aí que dois de nós fomos há uma semana. Porquê? Simples: Porque, há um mês atrás, estávamos nós a celebrar a morte de porco lá na serra, com a faca espetada na guela do malçuade, ali a jorrar sangue como uma torneira, quando nos ligaram. Um homem, enquanto dizia que era um manager (julgamos que queira significar mangedor ou um gajo que come muito em português) lá da Inglaterra continuou a falar em estrangêre e o que tava com o telemóvel em punho, como não sabia falar aquela língua dos bifes, apenas soltava um tímido "yes" (a única palavra aprendida na escola quando eramos mais novos e ganhávamos os jogos de Ping-Pong). O bife todo contente, desligou o telemóvel, e nós com o porco ali a grunhir, lá atanchámos mais uma facada no pobre coitado. Três dias mais tarde, ao recebermos uma carta de um manager Sir Thomas Cook (Senhor Mangedor - eles lá também só comem é porcarias), e depois de a passarmos para um tradutor inglês-português (abrasileirado) aqui no google (sim, porque ainda não temos dinheiro para pagar a um tradutor conceituado) vimos que tínhamos sido convidados para fazer uma... Tournée Arranhí Pacanherra em Londres, para as comunidades portuguesas lá a morar. Qual Tony Carreira, qual Emanuel, lá fomos dois de nós (o magrinho e o baixinho), pois os outros dois, impossibilitados com tanto estudo, frequências e exames cagaram-se nisso. Durante cinco dias, tínhamos uma mão cheia de actuações, agora precisávamos de saber era o sítio. Em poucas palavras, podemos dizer que o alojamento e o transporte foi uma maravilha: Hotel de 5*, limusina vermelha com dois andares, refeições nos restaurantes mais luxuosos da cidade... bem... quase.
Como não tínhamos conhecimento dos sítios onde actuar, toca de perguntar aos senhores bifes, por acaso bastante simpáticos. Embora a maioria não percebesse nada de indicações: um exclamou "Bloody hell, you're all rubbish!" Ficámos na mesma. Outro manda-nos para um sítio chamado Madame Tussaud. Chegámos ao dito teatro, mas tudo o que vimos foi aquilo tudo cheio de personalidades, até já algumas falecidas. Pensámos que eram o público para nos ver actuar. Para dar ambiente fomos falar com alguns, entre o José Mourinho e o Jim Carrey, mas eram homens de poucas palavras. Já fartos de andar por aquelas salas, nunca chegámos a ver o palco para entrar. Parece que eles lá, actuam nos corredores. Foi o que fizemos. Eles bem olharam para agente, mas aplausos nada. Público difícil, também se calhar pela língua ser diferente e não perceberem nada. Ao sairmos, reparámos numa placa Madame Tussaud: Wax Museum (o que em português quer dizer Museu da Cera da Senhora Tosse - estava tudo explicado).

Voltámos sem entender a cultura inglesa e como eles se divertem, é que nem sequer ficámos a conhecer o famoso Big Ben (O Grande Benjamim). Isto é, pensámos que o homem mais alto do mundo estava numa daquelas feiras de freaks, porém o que vimos foi apenas uma torre quadrada cheia de ouro com um relógio em cada lado. Enfim, nem tudo pode ser como nós queremos.
Arranhí Semquereracrostadamalçuadaferida