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quinta-feira, agosto 10, 2006

Salvem o WC Tradicional

Calhou, pronto. Aconteceu, estava apertado e não aguentei; nestas alturas não se costuma pensar. E, curiosamente, não me arrependo nada de ter ido cagar a uma casa-de-banho pública. Já passou. Sobrevivi. E confesso que até foi uma experiência enriquecedora (quer dizer, não foi assim tanto, mas pagou o momento). Quem ainda não teve a oportunidade, não imagina o universo que há dentro daquele minúsculo cubículo. É uma espécie de oceanário literário com erros ortográficos. O colorido deixado pelas canetas molin, a agressividade das bic, o realce dos negros marcadores grossos… tudo intencionalmente feito para que aqueles momentos de reflexão se tornem um pouco mais afáveis. Tudo intencionalmente feito pelo senhor que cagou ali antes. Prova de que ainda há pessoas simpáticas por aí, que se preocupam em proporcionar-nos um bom momento, deixando os seus testemunhos cravados nas portas e paredes azulejadas dessas casas-de-banho de cafés, praças, estádios… E agora, encerro este momento poético para tentar alertar ao leitor que tudo isto está prestes a acabar. Uma série de paralelepípedos de plástico verdes e azuis, colocados na vertical, estão aparecendo subitamente para por fim aos “bons velhos tempos”. Agora, com os WC’s portáteis por todo o lado, não se verão mais aqueles senhores caminhando com um andar apressado para o café mais próximo com um jornal na mão. Não se lerão mais aqueles “Ricardo love Joana” envolto de um coração, “O Sr. Carlos é maricas!”, “O Toní teve Aqui!” ou ainda, o clássico “Matem o Pinto da Costa à pedrada, já!”… Ainda por cima, a nova geração de WC’s cheira mal como o caraças (eu tive a infeliz oportunidade de abrir a porta de um exemplar, e se estou aqui a escrever isto era porque haviam paramédicos por perto). Não que o WC tradicional cheire bem, mas o sistema de esgotos está preparado para escoar a merda para longe e não para acumulá-la debaixo do nosso cu. E a literatura popular, já não conta?! Cheguei a apanhar quadras em casas-de-banho de Portimão! Nunca mais me esqueço desta:
Comi arroz com batatas
Quando era mais petiz.
Vim cagar ao café do Jonas
Pois a cagar eu sou feliz!

Este WC é dotado
De autoclismo e de pincel,
Mas, porra dum cabrão,
Ó Jonas, acabou-se o papel!
Caridosa e generosamente apelo: salvem o WC tradicional!
Arranhí Ascostasefiqueicomgarronasunhas

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