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domingo, março 15, 2009

O Parchal donde a gente moramos

O Parchal era uma pequena aldeia, ao pé de Portimão, pertencia legalmente a Estômbar (que, por sua vez, pertencia ao concelho de Lagoa), e tinha como principal característica o ter uma porção de fábricas conserveiras. Como a doca do pêxe de Portimão foi construída no lado de cá (ou seja, devia chamar-se doca do Parchal), como se pode ver no mapa de satélite abaixo, ficava mais rápido transformar o pêxe deste lado do rio Arade. Isto tudo sim senhor, até aí aos anos 60. Depois, e eu cá na sei quejête, isso começou tudo a falir e agora o que há é só chaminés com ninhos de cegonha. Até há bem pouco tempo, o Parchal tinha-se tornado nisto: uma vila em franca expansão, desanexada de Estômbar, onde a malta que trabalhava em Portimão vinha viver.


O Parchal d'antes:
(Podes carregar nas imagens se as quiseres ver mais grandes.)
(Os números do mapa de satélite [acima] correspondem às identificações abaixo.)

1 - A ponte do comboio. Arranjaram-na há pouco tempo. Estava toda cinzenta, ficou às cores. Deve ser para combinar com os comboios que agora estão cheios de grafittis.2 - Estação do comboio. Há quem lhe chame estação da CP, estação ferroviária, apiadeiro, mas para quem é do Parchal, aquilo é e será sempre a estação do comboio, onde tem o café onde os drogados se juntam às vezes para jogar um senúcar e beber umas mines. O raio da estação há muito tempo que não é estação: é um apeadeiro. Lá está: onde era para ser uma estação, é um café (e não vende bilhetes, temos de os comprar ao pica). O raio da estação ainda tem o nome de Ferragudo. Quando fizeram aquilo, por alturas de inícios do século XX, não havia praticamente Parchal nenhum e a terra mais perto era Ferragudo. O que é facto é que o Parchal já é Parchal há uma porção de tempo e ainda hoje quando quero ir para o Parchal, tenho de pedir ao pica um bilhete para Ferragudo. Se eu quisesse mesmo ir para Ferragudo, saía na estação do Parchal e ainda tinha de andar alguns 2kms a pé que até me lixava.
Ao lado do "estacafépeadeiro" (chamemos assim à mistura destas 3 coisas) fizeram uma sede para o então criado agrupamento de escuteiros do Parchal, com o número 1256. Até ficou uma coisa bem fêta e, na festa da paróquia, é lá que se faz a festa.

3 - Lidl do Parchal. Palavras para quê? Onde era uma fábrica de pêxe, fizeram um Lidl e a verdade é que a malta do Parchal precisava mesmo daquilo.

4 - Arruamentos e casas. Mais uma catrefada de apartamentos. Agora já estão praticamente todos feitos, como demonstra a foto.

5 - Pavilhão Desportivo Prof. Manuel Ferraz. O Stor Manel Ferraz era o presidente do conselho directivo da escolha C+S Rio Arade (que fica... no Parchal). Fumava muito, deu-lhe qualquer coisa e morreu. E assim ficou este pavilhão desportivo com o nome dele. Diga-se que é uma bela infra-estrtutura que recebe jogos oficiais regularmente.6 - Urbanização Encosta do Pateiro. O Pateiro (nome que homenageia o guarda-redes do Sporting, Rui Patrício) é uma das 3 zonas do Parchal (a saber: Parchal; Bela Vista e Pateiro). Antes havia só um bairro, agora, do outro lado da EN125, fizeram mais um. Já está acabado há alguns 2 anos.

7 - O bairro da CHE Lagoense. CHE não é nenhuma homenagem ao Guevara, quer dizer Cooperativa de Habitação Económica. Os bairros do Pateiro também são da CHE e os da Bela Vista tambem. Este é mesmo o original, o do Parchal, construído nos finais da década de 80 para trazer malta para a freguesia, agora tem mais pinta de bairro social que outra coisa. É nos suburbios do bairro da CHE Lagoense que se junta a malta mais underground para praticar o bulying e o fumating drugs. Quase uma Cova da Moura à algarvia. Ponham-se a pau antes de lá entrarem...



O Parchal d'agora:
(Podes carregar nas imagens se as quiseres ver mais grandes.)
(Os números do mapa de satélite [acima] correspondem às identificações abaixo.)

1 - A Ponte-velha (é assim que chamamos à ponte que, desde 1876, une o Parchal a Portimão) está agora a ser arranjada. Ou seja, está encerrada ao trânsito. Só passam lá pessoas e motas e bicicletas. Mas, porque os estrangeiros são mais gente do que nós, todos os verões, quando eles vêm cá de férias, abrem a ponte. É uma maravilha.
Enquanto aquilo está fechado, a malta que vive no Parchal e em Ferragudo, tem de ir dar uma volta de 9kms pela Ponte-nova, onde levamos com o perfume da ETAR de Portimão, antes de chegarmos ao hospital.

2 - Rotundas. Fizeram algumas 6 e já estão a fazer outra na entrada para o bairro velho do Pateiro. Como se vê pelo mapa de satélite, acima, quem entra no Parchal vindo da Ponte-velha encontra agora uma rotunda para servir quem quer entrar na lota, outra para quem quer entrar no LIdl, (que é esta que aparece na imagem) outra para quem quer entrar no bairro da CHE (na mesma imagem, onde estão os primeiros semáforos) e mais uma porção delas a caminho de Ferragudo, para a malta que vai para o Pavilhão do Arade andar com a cabeça à roda.

3 - O E.Leclerc do Parchal. Separado do Lidl por apenas uma rotunda. Igualmente construído numa antiga fábrica do pêxe. Serviu para dar emprego a muita malta que, assim, tem mais fontes de rendimento para comprar substâncias ilícitas (ou drogas, vá).
Esta imagem mostra essencialmente parte da fachada do hipermercado e, na frente, um animal... puxado por outro.

4 - Pavilhão do Arade. É um centro de congressos onde só vai malta fina. Tem todos os luxos. Uma obra patrocinada por uma porção de autarquias que, até agora, só recebeu a cerimónia da inauguração. Tem estado sempre às moscas.

5 - Cemitério do Parchal. Antigamente, a malta que vivia no Parchal tinha de ir morrer a Estômbar ou a Lagoa. Agora estão a construir um cemitério no Parchal, a seguir ao Pateiro. Não vejo a hora de ver aquilo estreado, cheio de gente morta!

6 - Complexo Desportivo da Bela Vista ou, como a malta gosta de lhe chamar, Estádio Olímpico do Parchal. Ainda está em construção, mas, como já aqui mostrámos, será uma infra-estrutura cheia de gabarito: relvado sintético, pista de atletismo, bancadas cobertas, etc. ... O que acontece é que, há pouco tempo fui ver como andavam as obras daquilo e o que vi fez-me alguma espéce: à volta do estádio puseram umas redes de arame. Ora, qualquer um que se assome à rede vê o que se passa no relvado. Que sentido é que isto faz? Sabe-se que o Parchal não tem nenhuma equipa profissional, mas isso não impede aquele estádio de, um dia, receber um jogo oficial a pagar. Mas com esta magnífica rede, as gentes do Parchal podem assomar-se à rede e ver o jogo à borla. Vêem de pé ou levam um banquinho e uma merenda e passam uma tarde desportiva que é um mimo.


E pronto, este é o Parchal donde a gente moramos. É uma terra como as outras, com a particularidade de ficar no Algarve, o que faz dela uma terra melhor que as outras. No Parchal não há praias, mas elas não ficam muito longe. No Parchal não há polícias, mas os assaltos e tráficos acontecem de noite, quando toda a gente está a dormir, por isso, 'tá-se bem. No Parchal não há muita coisa, mas há os Arranhí Pacanherra, uma malta fixe que mostra a sua fixice ao mundo inteiro.
Se algum dia algum de vocês passar por cá, lembrem-se da gente, digam qualquer coisa com antecedência. Com sorte, ainda têm a oportunidade de nos conhecer pessoalmente (o que não sei se é bom ou se é mau?...). Vivó Parchal!


Arranhí Ascostasefiqueicomgarronasunhas

segunda-feira, março 09, 2009

16ª Fêra dos Enchides


Essa coisa que é a Fêra dos Enchides, toma-nos o espírito uma vez por ano, por alturas do mês de Março. Este ano não foi diferente. De maneiras que a gente gasta-se uma tarde do fim-de-semana naquelas paragens, cheirando e provando as maravilhas degustativas que por lá andam. Eu cá, influenciado pelos inúmeros outdoors que o Carlinhes Tuta andou a espalhar por esse Portugal fora, fui lá de novo, à procura de ver uma banda de fado que é a Diolinda.
Era só gente naquele desterro: onde havia campo p'ra meter um carro, era um carro que estava lá. Onde havia bucho p'ra meter um naco de morcela, chôriça, farinhêra ou mólhe, era isso tudo que estava no bucho. De maneiras que, após ter comprado numa barraquinha de lá uma meia dúiza de pães com chôriça, fui abordado por uma malta castiça, que vendia nessa mesma barraca, e que se dizia "fã dos Arranhí Pacanherra". Sinceramente, não sei se fiquei mais surpreendido pelo facto de eles terem conseguido pronunciar o nome correctamente ou se pelo facto de serem nossos fãs. Surpreendido e contente: sabiam de cor mais squétes que a minha frágil memória se dignara a guardar:
- Pssst, pssst!! Olhe, escute, pssst!! - Eu olhei. - Você não é daqueles rapazes que fazem os Arranhí Pacanherra? - E foi aqui, neste momento que senti simultaneamente orgulho em ser tão parvo e vontade de ir à casa de banho fazer contas ao almoço.
- A gente gosta muito do vosso trabalho!
- Vocês são melhores que os Gato Fedorento!
- Você pode assinar-me aqui este baralho de cartas que fui pedir ali à barraquinha da Caixa Agrícola? - Foi a primeira vez que alguém me tratou por você, com o respeito que uma personalidade ignorada merece.
- Bora aí fazer um encontro de basofes?
- Hee, é buéda fixe aquele do cigano a conduzir... - Diziam-me eles ao mesmo como se estivessem numa sala de aula a pedir para sair mais cedo.
E enquanto eu dava o dito autógrafo, dizia-me um deles (o senhor António Ramos) que no seu programa de rádio dos domingos de manhã, na Rádio Fóia (que, diga-se, é a voz mais alta a sul de Portugal), tinha falado de nós. Fiquei perplexo e sem saber o que dizer. Shô António Ramos, parece que vocêa gosta tanto dos Arranhí Pacanherra quanto eu gosto dos seus pães com chôriça.
Posto isto, hoje somos um pouco mais internacionais. O concerto da Diolinda foi o menos importante: ela dança bem, canta bem, é gira, vende milhares de discos, mas nós é que passámos na Rádio Fóia sem sabermos. Diolinda, vê lá agora se fazes melhor!!

Arranhí Ascostasefiqueicomgarronasunhas

domingo, março 01, 2009

Os velhos caquenhos do Parchal

Há uma cambada de velhos caquenhos, indignados com a vida, oriunda do Parchal que discute a sua caquenhice ora nos bancos de jardim, ora nos terraços das casas altas, como é o caso de hoje. Estão sendo entrevistados para o programa Bom dia Manhã, por Hortêncio Malaquias e explicam tudo o que está ao seu redor. Ora as zonas dos drogados, ora as zonas das fábricas velhas, ora as zonas das fábrias velhas onde agora os drogados se drogam... Sabem tudo, eles, mas são caquenhos c'mó caraças!!