O íp-óp marafa-me, marafa-me seriamente, tal como as pessoas que o ouvem!
Isto é tudo muito simples e claro, é tão simples e tão claro que me marafa ainda mais o facto de ninguém ver isso! Caraças, punhefra, cacete e muitas palavras começadas pum “fê” são vocábulos que me saem involuntariamente da boca quando ouço o íp-óp. Mas afinal comé que podem chamar música àquilo?! É c’aquilo na tem p’onde se lhe pegue!! A um intérprete que em vez de cantar, fala (muito mal, diga-se) rápido sob um ritmo quase sempre criado num programa de computador daqueles que saem nas revistas ou se sacam da net, eu cá costumo de chamar “incómodo ruído” (ou “cagaçal dum cabrão”, em algarvio!), e não música. Para tirar as teimas, fui ao dicionário moderno da língua portuguesa (aquela na qual dizem que são escritas as letras do “íp-óp tuga”) verificar o que era música, afinal (e passo a citar): “Arte e ciência de combinar os sons; produto dessa arte; som agradável; harmonia.” Agora pergunto: que arte tem fazer um “bit” num programa chunga de computador? Que ciência é aquela que diz que uma letra proferida rapidamente sobre esse “bit” se trata de música? (…) “Ah e tal, o Sãme da Quide é um ganda músico…” Ouvi eu dizer no outro dia. Fui mais uma vez ao dicionário constatar o que é um músico (volto a passar a citar): “Aquele que sabe de música; aquele que exerce a arte da música; membro de banda, orquestra, filarmónica; individuo com muita lábia.” Tirando nesta última, não vejo onde possa o Sãme da Quide encaixar-se. O que ele faz (suponho eu) é criar textos cujos finais rimam com palavras como “fonéticas”, “constéticas”, “poéticas”, “esqueléticas”, “diabéticas”, “cinéticas” e, claro, “patéticas”.
O íp-óp nunca pode ser considerado música, porque a música é uma arte, a arte não pode nunca ser banal (por isso é que é arte, porque não é qualquer um que consegue fazê-la e um músico tem de ser tão ou mais artista que um pintor ou um escultor) e o íp-óp é banal! É banal porque é fácil de fazer, qualquer um pode fazer um íp-óp, até os Arranhí Pacanherra (no mítico baita-bit, escrito e feito em menos de dez minutos com um pugrama todo basofe)! E se até nós fazemos música, qualquer palhaço faz, e isso não pode ser, para bem da própria música!
Por fim, outra coisa que me marafa, esta não tem a ver directamente com as pessoas que ouvem o íp-óp (porque há pessoas que o ouvem para si mesmas acolhidas nos seus recantos sem chatear ninguém, e contra essas não tenho nada contra), mas sim com aquelas que o ouvem em altes berres no telemóvel, a passar nas ruas, no metro, nos corredores das escolas, no tócarro, em todo o lado! Punhefra! Isso irrita! Isso marafa uma pessoa! Ponhem o diébe dos fónes nos ôvides e ensurdecem-se tôdes, mas não obriguem a ouvir, nem a mim nem às coitadas das pessoas que por esses passam. É certo que a maior parte dessa escumalh… gente é malta chunga e pouco letrada (leia-se, basófes), os quais demoro algum tempo a perceber porque é que eles têm um telemóvel melhor co meu, que nem dá para tirar fotografias.
Marafa-me isto tudo! Desculpem lá se vos marafei com esta conversa
, mas tinha de mandar pra fora esta gosma que me táva encalhada na garganta. Para a próxima falar-vos-ei do estilo dos rappers e da sua abordagem à sociedade, isto é, se não morrer esfaqueado num beco entretanto.
Termino com uma questão para todos vós: qual a diferença real entre o íp-óp e o rép?
Arranhí Ascostasefiqueicomgarronasunhas