Ranho e Arroto

Aí há uns tempos dei-vos conta das propriedades e características de dois grandes companheiros do Homem: o Peido e a Bufa. Quem não teve a feliz oportunidade de ler, clique aqui.

Hoje é a vez de vos falar de mais dois amigos tantas vezes menosprezados na sociedade ocidental: o Ranho e o Arroto.

Comecemos pelo Ranho: há por aí muita gente inculta que julga que este precioso companheiro é totalmente inútil. Ora inúteis são as pessoas que pensam isso! Escusado será dizer que se não fosse o Ranho todos os pêlos que temos dentro no nariz cairiam por falta de vitaminas, o que iria fazer com que inspirássemos todo o tipo de ar, pós e porqueiras sem os filtrarmos. Os pêlos que filtram toda essa porcaria, tal como as plantas, precisam de ser regados, e é precisamente o ranho que cumpre essa tão árdua missão. Árdua porquê? Vocês gostavam de regar uns pêlos todos cheios de cagaitas nojentas? Eu também não! Valorizemos, por isso, o Ranho! Outra particularidade deste nosso amigo é a de, quando escorre em abundância, libertar fluidos que, injustamente, acabam sempre por morrer entalados num lenço de papel ultra suave. Esses fluidos avermelham o nariz e derretem as cagaitas, para a limpeza do mesmo. Se repararmos, quanto estamos ranhosos, as cagaitas encrostadas não existem. O Ranho tem também a função de limpar aquelas coisas que tanto temos vergonha de o fazer com os nossos próprios dedos. Já está na altura de darmos mais valor ao Ranho, não acham?

Agora o Arroto: não é por acaso que este insólito, mas natural, ruído é bem visto por terras do oriente. Neste aspecto, quem sabe são os chinocas! O Arroto é dos gases mais úteis que circulam no nosso organismo, como tal, ele tem pena que muita gente não lhe confira esse mesmo valor, tentando esconder ou suprimir o seu gracioso som. O Arroto tem como missão acomodar no estômago toda a porcaria que comemos para que esta possa ser digerida como deve ser. Sem o Arroto estaríamos sempre a passar mal após cada refeição. O mínimo que todos nós devemos fazer para agradecer a este simpático gás é dar um ar da sua graça libertando com ele o seu som característico, sem vergonha ou medo de represálias. Se represálias acontecessem, estas teriam de ser contra as pessoas desumanas que destroem o significado do Arroto ocultando o seu som. Se não fazemos isso com as pessoas nem com os animais, porquê fazê-lo com o Arroto? É que sabemos que o nosso Arroto é, muitas vezes, mais importante que certas pessoas (aquelas de que não gostamos) e animais (aqueles de quem temos medo). Confiámos por isso o merecido valor ao Arroto, que já os chineses o fazem há séculos. Arrotemos, caraças!!

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