Antes de mais palavras, pedimos desculpa aos 4 leitores deste espaço por tão desleixada actualização do material escrito. Desta vez arranjámos uma desculpa que, esperamos, vai com certeza justificar tamanho atraso na vinda deste post.
Passa-se que nós temos andado por aí a realizar um estudo de cariz científico que vem revelar com exacto pormenor todos os diferentes espécimes da raça Homo sapiens que, nesta altura do ano, vagueiam pelos benditos terrenos do Algarve, esse paraíso na terra. É natural que faltem alguns espécimes neste estudo, mas aqui ficam presentes os mais frequentes e abundantes:
Franciú de Alcochete – com o latim Emigrantus Manientus, este espécime não é necessariamente da terra de Alcochete. A utilização deste local na sua denominação deve-se ao facto de em Alcochete estar instalada uma academia de futebol pertencente a um clube cujos seus adeptos são, geralmente, forretas, mesquinhos e convencidos. O Franciú de Alcochete é um espécime que todos os verões regressa de França, Suíça, Luxemburgo, Bélgica, entre outros, para mostrar aos que ficaram por cá aquilo que conseguiram lá fora, nomeadamente a aprendizagem da lígua francesa – que, de resto, falam sempre que estão perante um português nativo, para que este note a espectacularidade que é falar uma língua mariqunhas –, a Renault Senic com matrícula amarela pertencente ao país acolhedor e as suas crias, raramente possuidoras de nomes de gente como João Pedro ou Miguél António, mas sim Jean Pierre e Michel Antoine.
Alfacinha – com o latim Alfacis Olisiponensis Empinadus, este animal é, própria e cientificamente, uma sub-espécie do Alfacis Olisiponensis. Apresenta algumas características distintas do seu parente próximo, este bem mais sensato e inteligente. Uma das suas mais peculiares características, é o facto de que apesar de muitas vezes se encontrar completamente depenado, tem o hábito de se pavonear, como se fosse melhor ou mais bonito que os outros. Esta característica tem incidência tanto nos espécimes masculinos como femininos. Outra tendência deste animal é a de agir como se o sítio onde estivesse fosse dele, e tratar os animais nativos como se fossem seus criados.
Decorrentes destes hábitos, a genética encarregou-se de lhe empinar o nariz quase até à testa, e daí deriva o nome com que foi classificado no séc. XIX pelo Dr. Landão Cola-Selos.
Bimbo – com o latim Nortenhus Peixeirus, este espécime, proveniente do norte do país, vem geralmente passar apenas uma semana ao Algarve: o nível econímico algarvio não permite luxos mais longos. Traz consigo um grunhido irritante – devido à ausência de Vs – e raramente frequenta restaurantes: adquirir a comida no supermercado ou frequentar estabelecimentos de fast food sai sempre mais em conta. Geralmente comporta-se da mesma que o Alfacinha, na medida em que, por uma semana, pode não ser o banal servo que é durante o resto do ano, tratando também os seres naturais como seus subditos. Em qualquer loja, por qualquer bem que adquire, procura sempre um desconto, por mais pequeno que ele seja: desconto aqui, desconto ali, vai tentando permanecer por mais um dia no ninho de 3 estrelas o qual faz completamente seu só por o pagar. É aficionado do FC Porto e quando a conversa sobre futebol começa a evidênciar as causas obscuras das vitórias desse clube, tenta, a todo o custo, mudar de conversa ou alegar que os demais clubes fazem o mesmo.
Espanhol – com o latim Iberucus Armadus em Grandis, este é o espécime que tem vindo a permanecer mais recentemente nestas terras. Apresentam-se normalmente aos domingos em manada: grupos de aproximadamente 50 animais, de idade avançada, que vêm sentir os ventos por cá. Quando apresentados em família, têm o costume de emitir um latido quase impossível de suportar devido ao elevado grau de decibéis no ar. Não conseguem comunicar entre si num baixo volume; não conseguem comunicar com os nativos num baixo volume; não conseguem ou não querem entender os nativos, bem qualquer espécime que não guinche ou que comunique numa guinchadeira semelhante à sua. Acham que o seu ninho é o mais importante de toda a floresta e como tal acham que em toda a floresta deve imperar as regras do seu ninho, onde estão claramente adjacentes as guinchadeiras e peixeiradas, bem como a esperteza de não se querer comunicar noutra guinchadeira.
Bife – com o latim Bifus Nordicus Rubrus, este espécime, natural do Norte e Nordeste da Europa, é um habitual participante no ecossistema algarvio da estação estival, e desde há décadas que migra para o sul de Portugal nos meses de Verão. As suas principais actividades migratórias são ficar belfo com a paisagem, fazer nudismo na Praia dos Caneiros, beber canecas de cerveja nos tascos estrangeiros do Algarve, na dizer nada de jeito e esturricar a sua pele alva com o sol tórrido do Algarve, de forma a perder a sua tez branca e adquirir um tom de pele vermelho que nem um pimento.
Entre os espécimes juvenis do sexo feminino, nota-se uma certa tendência para adquirir hábitos de vida nocturna e para entrar no cio assim que pousa o pé em território algarvio, não olhando quer à qualidade quer à quantidade dos parceiros. Já os pequenos espécimes do sexo masculino envergam, em qualquer circunstância, uma camisola onde conste o nome, o número ou a fotografia de Cristiano Ronaldo.
Entre os adultos, nota-se uma tendência cada vez maior para permanecer na região definitivamente, devido ao bom clima que esta possui, e também à sua maior posse de um material comum na sua terra e raro no Algarve, material esse de importância capital na construção dos ninhos: O dinheiro.
Algarvio – com o latim Al-Gharbius Nativus Quejeitus, este é, por excelência, o típico e natural animal desta zona territorial que dá pelo nome de Algarve. Revela traços fisionómicos semelhantes a alguns animais naturais do Norte de África, e aceita-se cada vez mais no meio académico que existe uma forte ligação genética entre estas duas espécies.
Apesar de extremamente capaz a nível físico e intelectual, este animal é caracterizado pela sua enorme preguiça. Só caça e recolhe alimento durante os três meses do verão, e sustenta-se durante o ano com o que recolhe no período estival. Fá-lo muito através de negócios com os outros espécimes, em que os aldraba bastante. Apesar de lucrativo, este meio de subsistência é também bastante chato, pois obriga-o a aturar e receber todos os outros animais.
A sua alimentação baseia-se em sardinhas assadas, carapaus alimados, figos e amêndoas.
Antes próspero e espalhado por várias partes do globo, este animal enfrenta perigosos riscos de extinção. Já não se fazem algarvios como antigamente.
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